segunda-feira, 28 de março de 2011

Quando a morte nos conta uma história, devemos parar para ouvi-lá

Era uma tarde chuvosa, em meados de julho, fazia frio, o vento soprava na copa das arvores, fazendo com que se formasse uma dança.
O garoto ficava ali, sentado na janela observando cada pingo de água que escorria sobre o vidro da janela, alguns eram lentos, outros mais rápidos, tudo dependia da velocidade do vento, o mesmo que soprava e fazia as folhas dançarem.
Toda vez que chovia o menino sentava-se a observar os pingos, as folhas, o vento, algumas pessoas ficavam curiosas, sobre o porquê daquele menino com rosto pálido, comprido, e cabelos oleosos ficava ali, realmente até eu fiquei curioso.
Nos dias de sol, o menino fazia a mesma rotina de sempre, acordava, comia seu pão com manteiga, acompanhado de um copo de leite, e saía em direção à escola, na mesma ficava até 12:00, quando voltava para casa, sozinho, olhar cansado, sua mochila levava pra casa algumas folhas, que ela arrastava no caminho.
Certo dia, o menino teve que mudar-se, apesar de todo seu esforço para que não fosse obrigado a ir, ele teve que ir, a nova casa era cercada de muros, e prédios ao redor, o menino nunca mais conseguiu ver os pingos da chuva, e observar o vento, porém ele ficava sentado na janela olhando para a rua, os pingos eram de lágrimas, e o vento era de suspiros profundos que ele dava.
O porquê de o menino observar tanto os pingos, nunca se soube, apenas sabemos que nem sempre a mudança é o caminho de algo melhor.
Dois anos depois o menino veio a falecer, as causas ninguém sabe, mas eu, a morte, ao ver o sofrimento daquele garoto, resolvi traze-lo junto à mim, para poupa-lo, de tudo o que lhe fazia mal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário